A sensibilização e introdução desta ferramenta nos hábitos de trabalho escolar está já em andamento na minha escola - Escola Básica António Alves Amorim, em Lourosa.
A ideia surgiu depois da aquisição recente de um tablet (Android) e da descoberta de inúmeras aplicações de âmbito educativo e de produtividade, disponíveis no Google Play. Entre elas, contava-se o Ankidroid. Li a crítica, percebi o funcionamento e parti à descoberta. O entusaismo cresceu e vi nesta aplicação uma oportunidade de "aproximar" o professor dos alunos e de lhes aproximar o estudo através de um gadget que já faz parte da cultura juvenil e que se tornou um objeto indissociável da vida dos jovens.
De imediato fui à procura do Anki para PCs, neste caso com SO Windows,encontrei e percebi todo o seu potencial, facilidade de uso e aplicabilidade nos hábitos de estudo dos alunos. Pensei então em iniciar um processo de sensibilização junto de alguns alunos e, posteriormente, junto dos professores.
Numa primeira fase, foi feita uma aproximação a alguns alunos do 8º ano (turmas que leciono), questionando-os sobre o que pensavam se pudessem estudar usando também o telemóvel, através de aplicações (neste caso para Android) onde pudessem alojar sínteses de matéria, testar os seus conhecimentos e beneficiar de contributos de professores na criação de materais de estudo. A resposta foi muito positiva e até, de certa forma, surpreendente já que alguns dos alunos contactados não eram propriamente os que que mais afinidade com o estudo têm.
O contacto foi apemas informal e exploratório e deixou no ar, propositadamente, alguns mistérios, digamos assim, designadamente o nome da aplicação. Na aula seguinte foram os próprios alunos que abordaram a questão, querendo saber mais, como se chamava o programa, onde se fazia o download, se era gratuito, etc. Mas já havia também alunos novos a perguntar e, inclusive, fui abordado por alunos de outras turmas, que não as minhas, alunos do 9º ano. A mensagem tinha passado.
Neste momento, já tenho cerca de uma vintena de alunos (que eu saiba) que instalaram a aplicação no smartphone e no pc e há mais que me continuam a pedir informações sobre o processo. Não adiantei mais, em termos formais, por ainda não ter um plano aprovado de desenvolvimento do uso desta ferramenta na escola. Isto não poderá ser um projeto pessoal. Antes, terá que ter o contributo de mais professores - todos os que puder cativar - o apoio da direção executiva da escola e deverá ser devidamente apresentado numa pequena formação que estou a planear, primeiro para professores e depois para alunos.
A formação para alunos (faseada, de acordo com o número de inscritos) terá como objetivo instrui-los com vista à componente técnica que se prende com o download do programa, dependendo da plataforma, manipulação e exploração das diversas funcionalidade da ferramenta, criação e organização de cartões de estudo e baralhos de cartões, inscrição no Ankiweb, técnicas de organização da informação e síntese de conteúdos.
A formação para professores terá como objetivo a sensibilização para a web 2.0 na escola, os recursos digitais, a "nova forma de ensinar", em termos gerais, e a apresentação formal da ferramenta, o seu potencial educativo e a manipulação dos seus recursos, em termos específicos, bem como a sensibilização para a criação de uma base de dados por nível de ensino, disiciplina e tema, a partilhar com os alunos interessados. A prioridade irá, para já, para a preparação dos assuntos fulcrais dos exames nacionais do 9ºano.
Atento aos constrangimentos do Regulamento Interno (e do Estatuto do Aluno) no que se refere ao uso de equipamentos móveis na sala de aula, tratarei de fazer uma proposta de salvaguarda para quando "o seu uso se destinar a fins educativos", que apresentarei em sede de Conselho Pedagógico. Em todo o caso, o Anki também pode (e deve) ser usado no PC, não se constituindo assim como fator de discriminação entre quem tem smartphones ou não. O facto de poder ser o aluno a criar os seus próprios cartões e baralhos já se configura como uma boa estratégia de estudo, anterior mesmo à sua utilização no telemóvel. Assim os alunos adiram.
Acredito que este processo possa estar em pleno funcionamento no próximo ano letivo. A minha escola é muito aberta à inovação e há vários professores interessados e atentos ao uso das novas tecnologias no processo educativo. Apesar de se tratar de um contexto sócio-económico algo desfavorecido, com problemas sociais severos que, necessariamente, se fazem sentir dentro da escola, paradoxalmente, o parque de telemóveis não o reflete, nem na quantidade nem na qualidade. tal como os filhos, também as famílias têm orgulho em mostrá-lo. Não nos cabe questionar essas opções. Cabe sim aproveitá-las. A favor dos alunos.
É este o plano para a divulgação e uso do Anki no favorecimento do estudo. O jornal escolar também dará o devido relevo a esta aplicação e a esta forma de estudar.
A página AnkiUp, por seu lado, manter-se-á viva, prestando apoio a alunos e professores no uso do programa.